sexta-feira, 24 de julho de 2009

Moça com Brinco de Pérola



Autor: Tracy Chevalier
Título Original:
Girl with a pear earring

Editor:
Bertrand Brasil
ISBN:
852860957X
Páginas:
240
Gênero: Romance histórico, Arte



Sinopse

Quem era a misteriosa desconhecida que Vermeer cativou tão inesquecivelmente em seu famoso quadro?
Às vezes, a moça parece estar sorrindo apaixonadamente; outras, insuportavelmente triste...
Tracy Chevalier conta a história da jovem Griet, que se torna empregada na casa do pintor Johannes Vermeer. Em meio de pessoas hostis e desconhecidas sua vida se torna árdua e difícil, quase insuportável, se não fossem os quadros fascinante de seu Mestre, que prendem Griet em seu encanto.
Embora sejam de vidas totalmente diferentes, ela e Vermeer têm um modo semelhante de olhar as coisas, e sempre mais ela é puxada para o mundo misterioso das pinturas.
E então Vermeer começa a desenhá-la em segredo – e o desenho pintado por suas mãos cria consequências desastrosas para todos em seu redor...

Opinião

Desde que o pai de Griet ficou cego em um acidente de trabalho, a família vive na miséria. Ela aprendeu a limpar e arrumar a casa sem mover os objetos de seu lugar, para que o seu pai pudesse encontrá-los sem problemas.
E é isso que a faz ser perfeita para ser a nova empregada da família Vermeer – ela deve limpar o Atelier do pintor, inclusive as coisas que ele está pintando no momento, sem mover os objetos de seu devido lugar.
Aos poucos Griet vai conhecendo mais e mais o Atelier e suas pequenas maravilhas, e se encanta pelos quadros de Vermeer, pelo cheiro da tinta e os segredos da Arte. O laço entre ela e seu Mestre torna-se cada vez mais forte, e ela começa a ajudá-lo secretamente em seus desenhos, misturando e fazendo as tintas para ele e até conseguindo melhorar alguns de seus preciosos quadros movendo os objetos de lugar e mudando as cores.
O que eu gostei muito foi os pequenos detalhes das vidas dos personagens, como lembranças passadas, seus desejos mais íntimos ou características marcantes de seu caráter.
Por exemplo, uma parte que eu gostei bastante, foi a primeira cena do livro, onde Griet está na cozinha da sua casa cortando legumes e verduras para uma sopa.
São cenouras, cebolas, alho porro, batatas, entre outras, e ela ordenou os pedaços cortados fazendo um círculo em um prato.
Ai então entra Vermeer e sua esposa na cozinha, para negociar com sua mãe sobre o emprego de Griet, e é a primeira vez que o pintor e Griet se falam. Ele observa o “mosaico” de verduras que ela fez e pergunta a ela porque ela fez aquilo, se ela fez porque era essa a ordem em que os legumes e verduras eram cozinhados na sopa. Ela diz que não, e então ele observa que ela separou o branco, e que o laranja e o roxo não estavam lado a lado.
Então Griet explica que ela fez isso porque as cores se “atacavam” quando estavam juntas.
Tracy Chevalier consegue transportar o leitor completamente para o pequeno mundo de Delft, de Griet e do Atelier, e conta como se fazia arte naquela época do Barroco Holandês.

“Moca com brinco de pérola” é um livro que faz o leitor se apaixonar por arte e por Vermeer, um livro de um encanto que é digno da obra prima do pintor.

Dê uma espiada no livro

[...]

- Olhe pela janela, Griet.
Olhei. Estava um dia ventoso, com nuvens que desapareciam por trás da torre da Igreja Nova.
- De que cor são aquelas nuvens?
- São brancas, senhor.
- São? - perguntou ele, erguendo ligeiramente as sobrancelhas.
Dei mais uma olhada.
- E cinzentas. Talvez vá chover.
- Vamos lá Griet, consegue fazer melhor do que isso. Pensa nos teus legumes.
- Nos meus legumes, senhor?
Ele moveu a cabeça ligeiramente. Estava outra vez a irritá-lo.
- Pensa em como separou os nabos e as cebolas. São do mesmo branco?
De súbito compreendi.
- Não. O nabo tem verde e a cebola amarelo.
- Exatamente. Então que cores você vê nas nuvens?
- Há azul nelas - respondi depois de examiná-las durante alguns minutos. - E... amarelo também. E algum verde! - Estava tão entusiasmada que até apontei. Tinha olhado para nuvens durante toda a vida, mas era como se as visse pela primeira vez naquele momento.

[...]

Ele parecia estar esperando por alguma coisa. Meu rosto se distorceu, por medo de eu não conseguir dar o que ele queria.
- Griet -, sussurrou ele. Ele não precisava dizer mais. Senti os meus olhos se encherem de lágrimas. Eu não chorei. Agora eu entendia.
- Sim. Não se mova
Ele ia me pintar.

[...]

- Ele é um homem extraordinário -, continuou van Leeuwenhoek, - Seus olhos mais valiosos que montanhas de ouro. Mas às vezes ele só vê o mundo como ele que vê-lo, e não como ele na verdade é. E ele não sabe quais são as consequências de seu Idealismo para os outros em seu redor. Ele só pensa em si mesmo e em seu trabalho, e não em você. Você precisa ter cuidado... -, ele parou. O meu mestre estava subindo as escadas.
- Cuidado com o que, Mijnheer? -, sussurrei.
- Que você continue ser quem você é.
Eu mordi os lábios. - Que eu continue sendo uma empregada, Mijnheer?
- Não era isso que eu queria dizer. As mulheres em seus quadros – ele as atrai para o seu mundo. Você pode se perder nele.
Meu senhor entrou no Atelier. - Griet, você se movimentou.
- Desculpe, Mijnheer - Eu voltei à minha pose inicial.